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  • Mary Bella

    1天前

    \"Quando os três poderes de um país estão profundamente comprometidos pela corrupção, as engrenagens institucionais tendem a tornar-se incapazes de gerar mecanismos de depuração. A História mostra que, nestes casos extremos, a saída institucional é improvável porque não restam instâncias com autoridade moral ou funcional para levar a cabo as reformas necessárias; o clientelismo minou a estrutura executiva, legislativa e judiciária. Neste macabro cenário, cada Poder atua para manter privilégios, bloquear investigações e enfraquecer os instrumentos de controle, razão pela qual as pressões populares tendem a ser neutralizadas.
    Os caminhos históricos que romperam com esta cadeia de declínio são excepcionalíssimos: choques externos como guerras, derrotas militares, invasões ou pressões político-econômicas internacionais, as quais obrigam as elites corrompidas a cederem espaço a mudanças; crises internas paroxísticas, como assassinato de figuras-chave, revoltas populares, conflitos armados entre facções estatais ou golpes de força quer policiais, quer por meio de coalizões civis com amplo apoio popular.
    É triste.
    A percepção de que não virá solução de dentro do sistema não precisa levar ao cinismo, mas ajuda a ler realisticamente o jogo de forças em momentos pré-colapso: não se deve crer beociamente em soluções jurídicas ou parlamentares, quando todos os órgãos estão corrompidos; neste cenário, é preciso compreender que reformas verdadeiras podem exigir choques extra-institucionais, os quais nem sempre são pacíficos ou previsíveis.
    O padrão histórico é duro de contemplar, embora seja melhor ver o tamanho da degradação do que pintá-la em róseas cores.
    Algo mais ou menos assim:
    1. Instituições corruptas bloqueiam reformas.
    2. Crise econômica/social agrava a anomia.
    3. Violência ou guerra civil abre caminho à facção vencedora ou ao invasor externo.
    4. Um novo regime nasce, nestes casos, não por debate jurídico ou político, mas pela força.
    A crença numa solução puramente institucional quando todas as engrenagens estão podres é, na maioria dos casos, uma esperança ingênua. A tendência é de colapso seguido por força bruta, violência política e reorganização sob novas mãos, porém não por meio de uma reforma pacífica vinda das próprias estruturas corrompidas.
    Eric Voegelin, ao interpretar Platão, diz que o filósofo reconhece que a Pólis degenerada não admite a entrada de homens excelentes (\"spoudaios\"), pois a corrupção do conjunto repele ou destrói quem tenta servir ao bem comum. O caminho restante é trabalhar a longo prazo, formar pequenas comunidades de verdadeiros amantes da sabedoria, preservar a ordem da alma e transmitir o Logos para que, talvez, em algum futuro distante, uma nova geração possa fundar ou reformar a política sobre bases melhores.
    Citando Platão, Voegelin frisa que o filósofo lúcido não deve nutrir esperanças imediatistas de “consertar” o poder, quando as instituições estão corroídas a ponto de estarem todas elas dominadas pela escória humana; deve antes preservar e transmitir princípios (educar, formar, semear), para um tempo em que as condições permitam a restauração.
    A partir do desencanto político, o filósofo entende que a tarefa primeira é restaurar a ordem da alma, manter vivo o conhecimento do bem e preparar o futuro, pois a ação direta numa ordem degenerada tende a esmagar o homem justo. Portanto, o caminho é formar “pequenos focos de verdade” que resistam ao caos e, quando a história abrir brechas, possam semear uma nova ordem.
    Certa ou errada, tal visão evita a queda em ingenuidades, dada a sua pressuposição de que uma sociedade que rejeitou princípios superiores dificilmente se regenera com soluções procedimentais. Cabe a quem compreende a gravidade do momento caótico manter vivo o depósito de sabedoria e virtude, mesmo sem impacto político imediato, para que o colapso não destrua a possibilidade de um futuro renascimento.
    \"Fazer o bem possível\" é um bom lema para ter em mente, quando a política deixou de ser um meio de garantir o bem comum para tornar-se um fim em si mesma.\" - Sidney Silveira 01/10/25

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